Sintomático. Como as lascas que caem de uma palmeira. Um lugar repleto de coisas desnecessárias. Deixo-as e vou embora. Agora. Ando assim e me faço outro. Eu-me-faço-outro. Nada nem ninguém tem noção do que isso quer dizer. Com relação a mim, claro. Porque cada um tem o seu lugar-cheio-de-coisas-para-doação. Cada um é responsável por suas coisas inúteis. O meu lugar virou estoque de uma loja de departamentos. E foi justamente no meu apartamento que me vi nu. E sozinho.
estação vazia depois do suspiro o trem apita
flores de plástico tantas primaveras as mesmas flores
21 março 2008
noite clara a nuvem que passa borrou a lua
16 março 2008
O PLANO
O vento vem apoiado nas asas de um beija-flor a brasa se ilumina com uma rajada de vento
A bala por dentro não tem sentimento a paz é só uma idéia ultrapassada dos românticos
Pensei num plano para conter as horas levei tanto tempo que desisti e agora percebo que nada foi em vão
chuva fininha passeiam na orla guarda-chuva e sombrinha
15 março 2008
DENTE DE SISO
Manda quem pode obedece quem tem juízo
Meus sisos ainda não nasceram por inteiro
Nem por isso fico no prejuízo
09 março 2008
quis dizer alguma coisa que nem lembro mais pudera, os fatos foram contados há tempos atrás
quis lembrar de alguma coisa que não disse ainda pudera, antes da de sair da boca a palavra passa no coração da vida
digo e canto e lembro
05 março 2008
AUSÊNCIA
Por muito tempo achei que a ausência é falta. E lastimava, ignorante, a falta Hoje não a lastimo. Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, que rio e danço e invento exclamações alegres, porque a ausência, essa ausência assimilada, ninguém rouba mais de mim.
(Carlos Drummond de Andrade)
03 março 2008
noite quente de repente uma estrela cai
02 março 2008
FORMA : CONTEÚDO
que grandeza a forma senão o conteúdo quem tem na fórmula da forma, tudo não se aguenta e acaba por deformar o mundo
01 março 2008
noite imensa
pequeno instante do dia
surge na janela