20 dezembro 2010

céu de verão
no olho do cão
uma nuvem passa
lendo os poemas de hatoum
no ônibus
às sete da manhã
sigo por um amazonas deserto e silencioso
via que desvia o sentido
dos pastos orvalhados em solo catarinense

lendo os poemas do hatoum
no ônibus
às sete da manhã
atravessa minha retina
uma luz distante vinda do horizonte
anunciando a chegada de um sol
que há muito andava esquecido
esse mesmo sol que tirando da terra
flores inversas desabrochadas de um instante
dá à palma da mão do menino
a superfície do leito do rio

se eu não estivesse no ônibus
às sete da manhã
lendo os poemas de hatoum
talvez todo o ecossistema do meu amazonas
fosse apenas lembrança de um rio
inexistente